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domingo, 22 de março de 2009

Pedra Filosofal

Eles não sabem que o sonho
É uma constante da vida
Tão concreta e definida
Como outra coisa qualquer

Como esta pedra cinzenta
Em que me sento e descanso
Como este ribeiro manso
Em serenos sobressaltos

Como estes pinheiros altos
Que em verde e oiro se agitam
Como estas árvores que gritam
Em bebedeiras de azul

Eles não sabem que sonho
É vinho, é espuma, é fermento
Bichinho alacre e sedento
De focinho pontiagudo

Que fusa através de tudo
No perpétuo movimento
Eles não sabem que o sonho
É tela é cor é pincel

Base, fuste ou capitel
Arco em ogiva, vitral
Pináculo de catedral
Contraponto, sinfonia

Máscara grega, magia
Que é retorta de alquimista
Mapa do mundo distante
Rosa dos Ventos Infante

Caravela quinhentista
Que é cabo da Boa-Esperança
Ouro, canela, marfim
Florete de espadachim

Bastidor, passo de dança
Columbina e Arlequim
Passarola voadora
Pára-raios, locomotiva

Barco de proa festiva
Alto-forno, geradora
Cisão do átomo, radar
Ultra-som, televisão

Desembarque em foguetão
Na superfície lunar
Eles não sabem nem sonham
Que o sonho comanda a vida

E que sempre que o homem sonha
O mundo pula e avança
Como bola colorida
Entre as mãos duma criança

(António Gedeão)

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