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partilhem!

sábado, 30 de outubro de 2010

Creio que o karma que me obriga a estar, sempre, em duas vias de sentimentos.
Como é que se podem tomar decisões e no entanto sentir-se afectado por atitudes conscientes e inconscientes dos que nos rodeiam?

Senti-me triste e senti uma inútilidade por parte da minha pessoa. É uma boa sensação? Não!
É uma péssima sensação.
Fartei-me de pensar, "o que é que eu estou aqui a fazer?", "e se eu apanhasse um táxi e fosse para casa?", "era melhor ter ido directamente para casa!", "que nervos... porque é que aceitei o convite?!"...
Pois é... Mais valia ter ido logo para casa, fechava-me na minha concha e não tinha pensamentos destrutivos como tive...
Em especial quando me apercebi que só me apetecia arrancar cabeças, literalmente, e que só faltava mais um bocadinho e tinha-o feito.

Desculpas?!
Para que é que servem?
Aperceberam-se do que se passou, para pedir "desculpas"?!
Claro que não.
Será que as "desculpas" servem como dinheiro, para comprar alguma coisa?!
Por favor...

Sinto-me triste e cada vez que olho é uma desilusão...
Será tão dificil de perceber, que apesar de tanta coisa errada que já fiz, continuo a ser uma pessoa e a sentir?!

Sim... Porque eu sinto!
Sinto cada atenção que é dada a outrem...
Sinto cada tentativa de charme que é lançada...
Sinto os olhares, como que a dizerem: "vai-te embora"...
Sinto as trocas de olhares...
Sinto as conversas, as bocas inaudíveis...

Sei que foi um erro...
E sei que vou acabar por me afastar, porque eu não sei desligar as coisas e não diferenciar o que sinto do que deixo de sentir, e do que penso e sinto falta daquilo que sinto realmente, é cansativo.
E cada vez o cansaço é mais...

E eu?
Eu só queria ser feliz!

sábado, 23 de outubro de 2010

"Despedida" - Tiago Rebelo

Eu sei que demorei uma semana para publicar alguma coisa... Acho que parte de mim não queria publicar esta crónica e outra parte de mim ansiava por a publicar devido á coincidência tão surreal, que até parece mentira...

A sério... Como é que é possível?! Não é. No entanto foi.

"Depois do comboio partir, de ela ter ido, depois do derradeiro beijo com a máquina já em movimento, ele fica ali, na estação, ainda uma hora, a despedir-se dela, a pensar nela com a saudade deixada a pairar na memória do seu perfume, do último abraço. Fica ali, preso á nostalgia da partida, a tomar um café com o cais de embarque à vista, observando outros casais que se separam com os comboios que chegam.
Para trás ficam umas férias encantadoras, só os dois, juntos, com aquela sensação feliz de perenidade que perdurou enquanto, nos braços um do outro, garantiam que era para sempre sem se quererem lembrar de que era só por uns dias. Nesse tempo exíguo passearam por muitos lugares, mas faltar-lhes-ia ainda uma vida inteira para continuarem a passear, a visitar todos os recantos de todos os lugares que sonharam ver sem a ansiedade dos dias contados.
Ali sentado na esplanada que dá para o cais de embarque, ele dá consigo a recordar-se dos momentos bons que passou com ela, das conversas exclusivas, das mãos dadas ao final da tarde numa praia, de uma piada trocada entre os dois, de uma gargalhada. Lembra-se de cada promenor do seu corpo, de passar as mãos pelo seu cabelo comprido acabado de lavar, do seu sorriso único, do seu sentido de humor. Revê-se a abrir os olhos e a descobri-la ao seu lado ao despertar da manhã numa cama demasiado pequena para tanto amor.
Um dia, há não muito tempo, ela disse-lhe que não poderiam ficar juntos, que não acabariam um com o outro, pois iam demasiado adiantados na vida e estavam ambos presos ás escolhas do passado, mas depois o desejo foi mais forte do que a razão, depois ela não quis saber de nada e veio e, observando agora os namorados que se despedem à porta do comboio, ele pergunta-se quando a voltará a ver e decide que, não obstante as contrariedades que os separam, quer ir ao seu encontro e irá mesmo, inevitavelmente, reencontrá-la em breve.
Acaba o café sem pressa de deixar o lugar onde a viu pela última vez, levanta-se, encaminha-se para o átrio da estação, olha ainda para trás, espreitando por cima do ombro como se fosse possível ela não ter partido e estar ali, algures, no cais, á procura dele. Depois vai-se embora, assegurando-se de que tem o telemóvel na mão e de que está ligado. Quando o comboio partiu ele tentou dizer-lhe uma última palavra, uma última recomendação, mas as portas já se tinham fechado e ele deu consigo a pensar o que não lhe conseguiu dizer: telefona-me quando lá chegares."

Coincidências?! Bastante, mas não há um ipsis verbis e ainda bem, iria ser caótico se assim fosse.
Será que o Futuro irá deixar que eles fiquem juntos? Como diz o texto, muitas coisas os separam, no entanto ela foi louca e arriscou... Ás vezes a Loucura é perigosa e coloca-se o pé em ramo verde. Será que ela começou a pensar e se arrependeu em seguida do passo que tomou? Possívelmente jurou a si própria que jamais se iria arrepender da sua decisão, no entanto, é capaz de ter pensado que não valeu a pena...

Enfim... Será que o autor irá dar continuação á história, algum dia?!

Mas a vida é feita de Despedidas, não é mesmo?
Esta é só mais uma.

domingo, 10 de outubro de 2010

"Uma longa viagem" - Tiago Rebelo

Mais uma "crónica":

"Ela faz as malas para ir ao encontro dele, para partir de vez, tomando um novo rumo. Arruma as suas coisas, faz as malas e, enquanto o faz, vai pensando na decisão que tomou e a aventura que isso representa. Conhece-o há poucos meses mas só tem uma certeza, de que não pode viver sem ele. Por isso prepara-se para uma longa viagem, a maior que jamais empreendeu, a de uma vida nova. Sente-se dividida entre a excitação da felicidade e o medo do desconhecido. O seu coração bate num frenesim, as mãos tremem de nervos, o espírito anima-se de coragem, procurando não pensar em tudo o que poderá correr mal e só querendo prender-se à certeza de felicidade que a espera. Diz a si própria que a decisão está tomada e não vai permitir-se desanimar com pensamentos negativos, derrotistas.

Entra pela madrugada ocupada com as arrumações de última hora e, quando se dá por satisfeita, vai tomar um duche demorado com um sorriso nos lábios. É bom saber que tem tudo pronto, pois fá-la sentir-se preparada. Deita-se tarde. É a última noite nesta casa, nesta cidade. deita-se cansada mas demasiado excitada para adormecer, de maneira que vai até de manhã a sonhar acordada com a vida que tem pela frente e só cai no sono quase á hora do despertador anunciar a hora marcada. Acorda ensonada e com o mesmo cansaço pendente da noite passada, mas encorajada pela promessa da novidade.

Olha para trás antes de fechar a porta de casa, observando os resquícios dos últimos anos, os móveis, os quadros, tudo aquilo que lhe parece ter sido uma vida inteira, um lugar onde se sentia segura. Deixa escapar um suspiro, abana a cabeça como quem se questiona o que é que eu vou fazer, faz um sorriso desafiador, fecha a porta e parte.

Atravessa o país a dormitar com a cabeça apoiada no braço, á janela, enquanto o comboio avança. Mais para o fim da viagem já está bem desperta e nervosa, numa ânsia de expectativa. Quanto mais perto do destino mais se pergunta se não terá cometido um erro, se não se terá precipitado, se não voltará a falhar, se, se, se...

Desce do comboio com duas malas, avança a custo ao longo do cais, lutando com a própria bagagem, tropeçando nela, sem saber se é isso que a irrita se é o receio que a enerva.
Mas depois avista-o lá ao longe no fim do cais e ele avança para ela sorridente e, quando se encontram, abraça-a, beija-a e diz-lhe que bom que é estares aqui finalmente, e, nesse instante, todos os receios, dúvidas, nervos, se dissipam num encantamento, numa certeza de que tomou a decisão correcta."

Suponho que foi isto que se passou contigo.... Sê Feliz!

sábado, 9 de outubro de 2010

Mais uma noite de chuva... E eu vou esperando, vou esperando por melhores dias que virão...
É tão dificil acreditar que tudo se vai compor...
Sinto-me cada vez mais cansada, na realidade, sinto-me extenuada...
Mas será que os dias não passam mais depressa do que agora?

Que tristeza....

terça-feira, 5 de outubro de 2010

"À espera que a chuva pare" - Tiago Rebelo

E segue mais uma "crónica":

"A música que o pianista toca no seu canto do bar "If You Don't Know Me By Now". Os seus dedos parecem pairar sobre o teclado e a sua voz vem-lhe da alma, não obstante não haver ali praticamente ninguém para ouvir, pois canta só pelo prazer de cantar.
Sentado a meio do balcão, rodeado de bancos vazios, um cliente solitário escuta a música, atento á história que a sua letra conta. A música acaba e ele vê o pianista a olhar contemplativo para as teclas, como que espantado com a magia que faz com elas e com a beleza da música.
Vê-o assentar as mãos nas pernas, e a soltar um suspiro e a abanar a abeça com um sorriso, antes de se levantar lentamente e retirar-se por uma porta dos fundos.
Ao cliente solitário apetece-lhe o mesmo, um suspiro e uma saída pela porta dos fundos, onde quer que ele vá dar. Tem os cotovelos apoiados no balcão, um dedo pensativo faz rodar o gelo dentro do copo. Já passa da meia-noite e ainda chove lá fora, são as primeiras chuvas de Outono. Ele está a pensar na mulher que ama, a pensar que hoje ela não está e, quando ela não está, não sabe o que fazer com o seu tempo. Há já algum tempo que não sabe o que fazer com o seu tempo. Pede mais uma bebida, enquanto espero que a chuva pare, diz ao empregado, em jeito de justificação. O homem força um sorriso instântaneo, indiferente, e deposita à sua frente um copo atestado em menos de um minuto. Bebe um pouco, pousa o copo, acende um cigarro.
Faz desenhos no cinzeiro, com a cinza, com a ponta do cigarro. Pensa na mulher que ama como uma recordação feliz. Um dia, ela partiu em busca de qualquer coisa. Agora já não têm solução, embora estejam os dois sem saber o que fazer ao tempo. Apaga o cigarro, acaba a bebida, paga a conta.
Chega á porta do bar e verifica que já não chove tanto, só os pingos que restam do aguaceiro. Pensa nela uma última vez e, sem dar conta, encolhe os ombros a ponderar no tempo perdido a pensar nela, inutilmente. Na verdade, não estava ali à espera que a chuva parasse, mas que ela viesse. Ela não veio e ele decide não esperar mais, nem hoje nem nunca. De repente, percebe que o desinteresse dela não é assim tão importante, não merece a desilusão que o tem perturbado. Anima-se com a sua decisão, sentindo-se como se tivesse tirado um peso de cima dos ombros. Enfia as mãos nos bolsos e sai para a noite a pensar que amanhã será um dia melhor."

E pronto... Acabou.
Foi um ciclo.
Como todos os ciclos, este terminou!
Amanhã é um novo dia, e pronto, levantar a cabeça e seguir em frente.