Mais uma "crónica" do Correio da Manhã, do qual gostei muito e decidi partilhar...
"Está sentada, sozinha, na esplanada de um miradouro a admirar Lisboa, sem nunca deixar de se espantar com aquela vista, com aquela cidade. Tem um copo de refresco na mão direita, a cabeça levemente inclinada, o cabelo castanho alourado caído em cima do ombro esquerdo. Os olhos, escondidos pelos óculos de sol, prendem-se ao casario, aos telhados, ás avenidas que descem até ao rio. Ao longe vê-se a ponte. Em cima da mesa está um livro esquecido que ela trouxe para ler, mas não chegou a abrir.
Sentado no muro baixo que delimita a calçada, ele observa-a encantado. Para lá dele está a cidade vista de cima. Quando os olhos dela se cruzam com os seus, ele sorri-lhe. Ela desvia o olhar, atrapalhada, mas logo depois torna a olhar, curiosa, e ele volta a sorrir-lhe. Ela baixa os olhos, mas também sorri. Ele aproxima-se da mesa com um copo de cerveja na mão e pergunta se se pode sentar com ela. não havia mesas livres, explica, mas isto aqui é tão agradável que fiquei na mesma. Ela diz está bem, sente-se.
Começam a conversar, apresentam-se, ele nota a aliança no dedo dela. Ela responde sim, estou casada, e acrescenta num desabafo, com o homem errado. Ele faz uma expressão compreensiva, com os lábios crispados, enquanto ela volta a cara, sentindo-se a corar, sem perceber o que lhe deu para dizer tal coisa. Eu também casei com a mulher errada, mas divorciei-me, confessa ele, levando-a a fitá-lo, mais á vontade. As horas passam e a conversa flui sobre os enganos das suas vidas, falam com uma surpreendente naturalidade, um entendimento perfeito. Estão muito próximos um do outro, ele segura a mão dela e já não se largam. É um momento mágico, a que ela não consegue resistir. Mas quando a noite desce anuncia-lhe que tem de se ir embora. E voltas?, pergunta ele. Não posso, sou casada. Com o homem errado, lembra-a.
Sim, reconhece, deixando escapar um suspiro. Pagam a conta, ele acompanha-a ao carro, estacionado no jardim fronteiro, ela abre a porta, volta-se para trás e murmura gostei muito de te conhecer. Hoje entraste na minha vida, diz ele. Tu também entraste na minha vida, pensa ela, sem o dizer. Ele prende-lhe carinhosamente uma madeixa de cabelo atrás da orelha, olham-se, ela diz tenho de ir, ele aproxima-se, beija-a, ela corresponde com paixão. Depois diz não posso fazer isto, desculpa, mete-se no carro precipitadamente, vai-se embora.
Ele ainda pensa nela, queria que ela voltasse. Ela só pensa nele, mas não sabe como voltar a encontrá-lo. Só teve coragem de regressar á esplanada quase um mês mais tarde, um dia depois de ele ter desistido de lá ir esperá-la todos os dias."
... E quando finalmente tomamos uma decisão, é sempre tarde demais.
Será que alguma vez ele soube?
Uma salada de poetas, de músicos, de emoções, de tristezas e desabafos. É o meu mundo!
welcome
partilhem!
terça-feira, 28 de setembro de 2010
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
Alma doente e um coração tão negro, que ninguém me vê.
Ninguém se dá ao trabalho de alongar a vista e percorrer aquilo que Eu Sou!
Sou um Ser único, problemático, apaixonado, inquieto, lunático, misterioso, tímido...
Custa-me olhar-me ao espelho e ver o que mais ninguém vê, um Ser cheio de defeitos e segredos, porque tem uma enorme incapacidade de exprimir sentimentos do mais profundo que seja.
Odeio-me por não conseguir confessar o que me passa no pensamento e por não conseguir exprimir o que sinto e o que me dá vontade de chorar...
Mas no dia seguinte acordo, e é um novo dia... E a tudo se sobrevive!
Nada dura para sempre, mesmo que existam pessoas que acreditam piamente que sim!
Ninguém se dá ao trabalho de alongar a vista e percorrer aquilo que Eu Sou!
Sou um Ser único, problemático, apaixonado, inquieto, lunático, misterioso, tímido...
Custa-me olhar-me ao espelho e ver o que mais ninguém vê, um Ser cheio de defeitos e segredos, porque tem uma enorme incapacidade de exprimir sentimentos do mais profundo que seja.
Odeio-me por não conseguir confessar o que me passa no pensamento e por não conseguir exprimir o que sinto e o que me dá vontade de chorar...
Mas no dia seguinte acordo, e é um novo dia... E a tudo se sobrevive!
Nada dura para sempre, mesmo que existam pessoas que acreditam piamente que sim!
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
´Os finais são horríveis. Fica o ar vazio, deixamos de ver ao longe, de repente apagam-se as luzes e a vida fecha-se aos nossos olhos. Depois do fim, vem a pergunta fatal e agora? Dá vontade de ir à bruxa para ter uma ideia, mas resiste-se estoicamente,... até porque as fadas também se enganam.
Aproveita-se o tempo para telefonar aos velhos amigos, arrumar gavetas e deitar papéis fora, limpar a memória e deixar o coração de molho, em convalescença a carregar baterias.
Mas o pior são as despedidas. É sempre horrível dizer adeus, mesmo que seja só até logo à noite.
Quando gostamos de alguém, apetece-nos ser mosca para ficar a gravitar incógnito à volta dele, ouvirmos a sua respiração, rirmos com o seu riso e penarmos com as suas dúvidas. Sentimos a vocação falhada de anjo da guarda que não está a cumprir o horário.´
Margarida Rebelo Pinto in "As Crónicas da Margarida"
Aproveita-se o tempo para telefonar aos velhos amigos, arrumar gavetas e deitar papéis fora, limpar a memória e deixar o coração de molho, em convalescença a carregar baterias.
Mas o pior são as despedidas. É sempre horrível dizer adeus, mesmo que seja só até logo à noite.
Quando gostamos de alguém, apetece-nos ser mosca para ficar a gravitar incógnito à volta dele, ouvirmos a sua respiração, rirmos com o seu riso e penarmos com as suas dúvidas. Sentimos a vocação falhada de anjo da guarda que não está a cumprir o horário.´
Margarida Rebelo Pinto in "As Crónicas da Margarida"
Espero, espero, espero, espero, espero e continuo a esperar...
Sou estúpida?!
Devo ser... Será que irás alguma vez olhar para mim?
Todas as noites tenho vontade de dar noticias... Mas sei que não devo. Fico no meu canto, é bem melhor!
Mas a minha Luz, apaga-se de dia para dia.
Tou a ficar cansada... Tão cansada....
Só queria que cuidasses de mim...
Uma utopia... Tenho de acordar deste sonho cor-de-rosa, porque a vida real é a branco, preto e cinzento.
"O tempo perguntou ao tempo,
Quanto tempo o tempo tem?
O tempo respondeu ao tempo,
Que o tempo tem tanto tempo,
Quanto o tempo o tempo tem!"
E o meu tempo?
Sou estúpida?!
Devo ser... Será que irás alguma vez olhar para mim?
Todas as noites tenho vontade de dar noticias... Mas sei que não devo. Fico no meu canto, é bem melhor!
Mas a minha Luz, apaga-se de dia para dia.
Tou a ficar cansada... Tão cansada....
Só queria que cuidasses de mim...
Uma utopia... Tenho de acordar deste sonho cor-de-rosa, porque a vida real é a branco, preto e cinzento.
"O tempo perguntou ao tempo,
Quanto tempo o tempo tem?
O tempo respondeu ao tempo,
Que o tempo tem tanto tempo,
Quanto o tempo o tempo tem!"
E o meu tempo?
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